Grito mudo...


 
Mergulho no abismo de mim,
na prenhez das minhas entranhas
e aguardo o parto... 
Sem dor!
 
Esta lenta gestação
 de feto rejeitado;
à espera do próprio nascimento,
treme...Geme, na hora do parto!

Tão grávida de mim quanto feto, me recolho,
me encolho 
e sinto que minha "casa" arde.
 
A pinça belisca minha carne
e fere-me enquanto feto sou,
nas entranhas estranhas, 
que me rejeitou...
 
E o grito mudo,
aos ouvidos moucos,
soa como grunhido de fera,
que morre à espera... 

Da oportunidade que a vida negou...


Obrigada poeta pela generosa interação!



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Quando há torres finíssimas,
os olhos alheios crescem
e se matam os risos,
e se ferem as costas,
e se furam os sonhos...

Não se pode querer
erguer-se ao céu:as curvas dos caminhos
derrubam os remorsos,
as feridas se abrem,
as córneas se fecham,
nâo há volta aparente,
o quadro maior
é um idílio comprido na mesa quebrada...

Em vão o mar se retrai,
inultilmente as vestes vestem,
porque há certa nudez completa
nas esqinas da vida afora
que monstros logo se acordam
nas torres ermas dentro do céu?


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Nascer é como morrer
e a gente morre e nasce
nasce e morre
muitas vezes numa vida
mas a gente sempre esquece
de como se dói e se arrebenta
por isso toda vez
em que morre
toda vez em que se nasce
é sempre
como se fosse
pela primeira vez.



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Pra nascer temos que destruir o mundo,
é assim com o pinto rompendo a casca do ovo,
só que nós quebramos o mundo conhecido pra ter direito a perceber o novo,
que renasce a cada segundo,
e cada vez que fazemos isso,
nosso eu velho morre e o novo nasce...




 



 

 

Nana Okida
Enviado por Nana Okida em 21/08/2012
Reeditado em 23/08/2012
Código do texto: T3842032
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