ÚLTIMO SUSPIRO DA PAIXÃO

Já não sei quem sou

Já morri sem te amar

Sem me amarrar

Se me amarrei

Já nem sei quem és

Se me és quem em ti me perdi

Nas valas de meu víeis

Tantas perdas ficaram em mim soltas no meu convés

E em mim tantas perdas se acharam

Sabe quantas fendas se abriram

E quantas se fecharam???

Suas chaves do meu ser preso sumiram

Suas crases são gatas de sete vidas sem coração

Que nos meus dedos se desdão

Tiraram-me minhas aves que são minhas constelações

Cantam agora no ar minhas canções

Quero tua boca pra beijar pincelar-te aos borbotões

Um suspiro é uma ave branca na noite que volta pra te amar

Que passa junto com outras a rolar

A negritude perguntou ao nada falaz

Que cartas aladas são essas sem selos?

Soltas pelo ar como letras em desmazelos

São gaivotas que namoram os peixinhos do mar

E os peixes são clausuras

É a saudade que alimenta e se aninha

Os sentimentos assustados sem candura

Brancos como os pós que nado em tuas praias de brumas espraiadas a Boiar de tuas correntes marinhas

Como uma meia arrastão que roubam de mim as escumas

O urso polar hibernando na caverna de minha razão...

Esta febre intermitente como os sopros das dunas

Acho que estou doente de amor

Por onde quer que eu vá tua paixão é o sono de Morfeu

Este grilhão mexe com o mexilhão desta minha insurreição

Quer saber, desta prisão não abro minha mão

Nem pra te dizer adeus...

Todo vicio faz mal, o sangue sempre acaba em jorro

Não importa se é álcool, droga ou sedução

Toda paixão é fatal e por ela eu sei que morro

É num último suspiro que por dentro dela escorro...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 13/08/2012
Reeditado em 13/08/2012
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