ÚLTIMO SUSPIRO DA PAIXÃO
Já não sei quem sou
Já morri sem te amar
Sem me amarrar
Se me amarrei
Já nem sei quem és
Se me és quem em ti me perdi
Nas valas de meu víeis
Tantas perdas ficaram em mim soltas no meu convés
E em mim tantas perdas se acharam
Sabe quantas fendas se abriram
E quantas se fecharam???
Suas chaves do meu ser preso sumiram
Suas crases são gatas de sete vidas sem coração
Que nos meus dedos se desdão
Tiraram-me minhas aves que são minhas constelações
Cantam agora no ar minhas canções
Quero tua boca pra beijar pincelar-te aos borbotões
Um suspiro é uma ave branca na noite que volta pra te amar
Que passa junto com outras a rolar
A negritude perguntou ao nada falaz
Que cartas aladas são essas sem selos?
Soltas pelo ar como letras em desmazelos
São gaivotas que namoram os peixinhos do mar
E os peixes são clausuras
É a saudade que alimenta e se aninha
Os sentimentos assustados sem candura
Brancos como os pós que nado em tuas praias de brumas espraiadas a Boiar de tuas correntes marinhas
Como uma meia arrastão que roubam de mim as escumas
O urso polar hibernando na caverna de minha razão...
Esta febre intermitente como os sopros das dunas
Acho que estou doente de amor
Por onde quer que eu vá tua paixão é o sono de Morfeu
Este grilhão mexe com o mexilhão desta minha insurreição
Quer saber, desta prisão não abro minha mão
Nem pra te dizer adeus...
Todo vicio faz mal, o sangue sempre acaba em jorro
Não importa se é álcool, droga ou sedução
Toda paixão é fatal e por ela eu sei que morro
É num último suspiro que por dentro dela escorro...