cegueira, silêncio
depois de dias,
dias e dias
lembro de uma moça no tom branco,
no tom de voz brando
que pediu com licença sendo que não havia nada
nada além de faíscas de luz
de pássaros roucos, meteoro em queda
em sua frente
ela pediu licença sabendo que no leilão
quem daria mais, quem daria mais seria ela mesma
na sua tragédia evidente de ser
invisível mesmo sem ver a olho nu
sabendo que a maior piada era
a coragem que
de jeito nenhum
pertencia a ela
e mesmo depois de dias,
dias e dias com essa moça em minha mente
continuo rastejando quando não há chão e
pedindo por favor para os monstros,
meus.