cegueira, silêncio

depois de dias,

dias e dias

lembro de uma moça no tom branco,

no tom de voz brando

que pediu com licença sendo que não havia nada

nada além de faíscas de luz

de pássaros roucos, meteoro em queda

em sua frente

ela pediu licença sabendo que no leilão

quem daria mais, quem daria mais seria ela mesma

na sua tragédia evidente de ser

invisível mesmo sem ver a olho nu

sabendo que a maior piada era

a coragem que

de jeito nenhum

pertencia a ela

e mesmo depois de dias,

dias e dias com essa moça em minha mente

continuo rastejando quando não há chão e

pedindo por favor para os monstros,

meus.

Beatriz Adrivin
Enviado por Beatriz Adrivin em 23/07/2012
Código do texto: T3792896
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