Loucarte

Se eu sinto no interior inquietude

Compareço diante de ti sem exaurir

Mostro-me inerte, sem pestanejar

Que diabos de ego eu quero demonstrar?

Tenaz, sempre aquela voz diz-me:

Seja forte, e firme!

Ah! Quero é jogar tudo para alto!

Sem medir as consequências

Bem, ironicamente expeli tudo que cantava

Das minhas entranhas, e

Andei para aquele antigo precipício

O que faço?

Lá de baixo escuto ecos

Sem me atentar, quase que desconverso

Olho, como quem desdenha daquele

Vazio de rochas sem fim

Creio que não me merecem

Nem para pintar de sangue

Suas frestas e rugas

Desisti...

Voltei daquele lugar que me escurece

Em ser mórbido para mim

Garimpo outras formas,

Outras notas de cheiros

Que busco em sentir

Sem oração, sem coração

Concentração!

Tudo remoendo aqui e clamando

Pra deixar de existir

Captei, observei bem as frestas

Mas o breu que poderia turvar minha visão

Me mostrou que o problema não está ali, mas

Bem debaixo do meu nariz

E ainda me jogo daquele precipício

Mostro-me digna de respeito

Sociopata, caricata...

De segundo plano a antiga voz

Se faz iludir...

Confio? Ainda me refuto a ouvir.

J Di Castro
Enviado por J Di Castro em 10/07/2012
Reeditado em 17/06/2015
Código do texto: T3771297
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