Loucarte
Se eu sinto no interior inquietude
Compareço diante de ti sem exaurir
Mostro-me inerte, sem pestanejar
Que diabos de ego eu quero demonstrar?
Tenaz, sempre aquela voz diz-me:
Seja forte, e firme!
Ah! Quero é jogar tudo para alto!
Sem medir as consequências
Bem, ironicamente expeli tudo que cantava
Das minhas entranhas, e
Andei para aquele antigo precipício
O que faço?
Lá de baixo escuto ecos
Sem me atentar, quase que desconverso
Olho, como quem desdenha daquele
Vazio de rochas sem fim
Creio que não me merecem
Nem para pintar de sangue
Suas frestas e rugas
Desisti...
Voltei daquele lugar que me escurece
Em ser mórbido para mim
Garimpo outras formas,
Outras notas de cheiros
Que busco em sentir
Sem oração, sem coração
Concentração!
Tudo remoendo aqui e clamando
Pra deixar de existir
Captei, observei bem as frestas
Mas o breu que poderia turvar minha visão
Me mostrou que o problema não está ali, mas
Bem debaixo do meu nariz
E ainda me jogo daquele precipício
Mostro-me digna de respeito
Sociopata, caricata...
De segundo plano a antiga voz
Se faz iludir...
Confio? Ainda me refuto a ouvir.