A ponte

ficar em pé sobre a ponte

que me separa do diferente

em mim

da coragem oculta e amendrontada

das minhas mais ordinárias vontades

porque não só sentir

sempre vem junto o questionar

as cores que agora me tomam

tinto

por sobre essa ponte

que me separa do que realmente sou

e do eu inventado para conformar quem julga

ser melhor

e por sobre a ponte

o estalar da areia sob os pés

a camisa aberta e o peito há muito ferido a mostra

o vento soprando a covardia das palavras proferidas

onde não mais beleza há margaridas ou jasmim

aqui jaz em mim

o jarro da inocência a derramar

o som da sua voz cada vez mais distante

nesse veloz despencar

forte, místico momento em que o que separa

a verdade e a mentira

é somente a vontade de acreditar

o corpo não mais sobre a ponte....

pessoas a dizer porque...

a se questionar o quão vazias são

e a cada dia mais vazias se tornam

o corpo de cores

agora coberto de tinto...por puro instinto de não sobreviver

Doce Mar
Enviado por Doce Mar em 08/07/2012
Código do texto: T3767033
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