A ponte
ficar em pé sobre a ponte
que me separa do diferente
em mim
da coragem oculta e amendrontada
das minhas mais ordinárias vontades
porque não só sentir
sempre vem junto o questionar
as cores que agora me tomam
tinto
por sobre essa ponte
que me separa do que realmente sou
e do eu inventado para conformar quem julga
ser melhor
e por sobre a ponte
o estalar da areia sob os pés
a camisa aberta e o peito há muito ferido a mostra
o vento soprando a covardia das palavras proferidas
onde não mais beleza há margaridas ou jasmim
aqui jaz em mim
o jarro da inocência a derramar
o som da sua voz cada vez mais distante
nesse veloz despencar
forte, místico momento em que o que separa
a verdade e a mentira
é somente a vontade de acreditar
o corpo não mais sobre a ponte....
pessoas a dizer porque...
a se questionar o quão vazias são
e a cada dia mais vazias se tornam
o corpo de cores
agora coberto de tinto...por puro instinto de não sobreviver