SOBRE OS MUROS

Quando vejo o nada, vejo o tudo,
Quando vejo o tudo, vejo o nada,
Quando olho para mim, não me vejo,
Quando olho pra você, vejo a mim.

Não consigo sintonizar,
Não consigo discernir,
Já não sei se é ida ou retorno,
Aclive ou declive,
Reta ou contorno,
Já não sei se quero ou não quero,
Se é amor ou desamor,
Servo ou livre.

Estou sobre os muros...
Da inconstância,
Da indecisão,
Da angústia,
Do contraste entre o real e o irreal.

Estou sobre os muros...
E se continuar assim,
Nessas certezas incertas,
Nessas portas entreabertas,
Vou acabar é caindo;
De tantos muros criados por mim.