BENDITO FRUTO




Jogo ao chão as regras

não tenho cartas na manga

meu vestido

não tem pregas

sou mansa e sou lânguida

sou bastarda

nesta filiação esquiva

sem antes nem depois

 

Aonde foi meu pranto

foi ao mar

foi ao rio

ele verte, aonde a dor

expreme o fruto

da vida...


Em mim

se consome

a fome

de dentes afiados
 

O mapa

dos meus remendos

tem tantas costuras

de pontos tortos

tortuoso ninho

escombros

poeira

e lama
 

O que fazer destes

tropeços

vou e volto

subo e desço

 

Esquartejada

junto os pedaços

e me refaço

e surjo em outra face

que não se reflete

nos espelhos!