Por acaso
Sou viciado em vícios
Tanto, que nem mesmo os noto
Moldo-me nos artifícios
Desse controle remoto
Tenho muitos companheiros
Que nem sabem que também são
Só se o caso for dinheiro
Por que lhes chama a atenção
São vícios de pensamento
De não pensar sobre isso
Num lixo, num sofrimento
Um abismo, um precipício
Como errado, fumo e bebo
Durmo menos que deveria
Deixo o exato a meio termo
Trato os fatos com ironia
Vicio de ser inseguro
Ansioso e pessimista
De segurar com orgulho
Os vícios da minha lista
Da consciência inconstante
Parcial e deformada
De sentir mais adiante
E, estático, não fazer nada
Mas, face ao leque que fique
Quem sabe, numa distração...
Lance fortuito que arrisque
Sem prenda ou compensação
Se configure algum quadro
Um golpe de sorte espantoso
Num clic assim por acaso
Seja enfim vitorioso