autorretrato

Maria, vê se te alucinas.

Ouça teu coração e cale teu pensamento tardio

que de tanto palpitar, atrofiou-se em fio,

e já te roubas o caminho nestas tardes findas.

Helena, faz grande de tua alma pequenina.

Ria destas lamúrias que te canto

Escuta-te, como a voz de seu pranto,

e venha ao meu encontro no Pico da Neblina.

Ai, de almas tão divinas!

Meu amparo foi jurar-te, amor, que

não importa tais loucuras ou dores,

suas mesuras serão sempre bem-vindas.

Maria, poderei engrandecer-te o caminho e cortar-te o fio.

Embora Helena, tu terás que chegar até o topo do Pico para que eu te mostre que fico, e então busquemos alguma esperança em outrem.

Maria Helena, és toda pequena sua alma grande neste fim de tarde.

E tu, de tanta fome que alardes,

suplica um súbito olhar de afeto.

Eu, com meu olhar discreto,

te devolvo teu caminho desconexo;

por onde tu andastes?

Lena Martins
Enviado por Lena Martins em 19/06/2012
Reeditado em 12/12/2013
Código do texto: T3733646
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