autorretrato
Maria, vê se te alucinas.
Ouça teu coração e cale teu pensamento tardio
que de tanto palpitar, atrofiou-se em fio,
e já te roubas o caminho nestas tardes findas.
Helena, faz grande de tua alma pequenina.
Ria destas lamúrias que te canto
Escuta-te, como a voz de seu pranto,
e venha ao meu encontro no Pico da Neblina.
Ai, de almas tão divinas!
Meu amparo foi jurar-te, amor, que
não importa tais loucuras ou dores,
suas mesuras serão sempre bem-vindas.
Maria, poderei engrandecer-te o caminho e cortar-te o fio.
Embora Helena, tu terás que chegar até o topo do Pico para que eu te mostre que fico, e então busquemos alguma esperança em outrem.
Maria Helena, és toda pequena sua alma grande neste fim de tarde.
E tu, de tanta fome que alardes,
suplica um súbito olhar de afeto.
Eu, com meu olhar discreto,
te devolvo teu caminho desconexo;
por onde tu andastes?