Pergunta e Resposta

Uma existencia passada, fruto de sombra

o fantasma falho que ninguém assombra

veio me pedir, não sei porque, conselhos

“como consegues manter a tua boa fé

andar de cabeça erguida e, pé ante pé,

da-te forças para ver ninguém de joelhos?”

Ele sabia que, por mais que tentasse,

a língua ficaria preso àquela tentativa

sabia que, mudando músculos da face,

ficaria só naquela contorção semiviva

procurando já sem saber direito onde

disse ao vento, naquele que esconde

Eu já não sei que força é essa: coercível

com a propriedade específica de horrível

que rudemente chega e sempre me impele

e parto pro Mundo que chamam de sadio

e belíssimo, lógico, mas na vida de vadio

nenhuma dessas sensações me tocou a pele

Todos acham o parto bonito

mas eu, com o meu ser aflito,

nunca encontrei características tais

vejo apenas o começo de uma luta

ir moldando-lhes a sua má conduta

por forma de leis e diretrizes sacrais

Não sei porque me vem a cabeça cansada

a minha imagem inútil e super-idealizada

e nunca me deu caricias por mais que idealizasse

eu nunca sequer entendi esses obscuros motivos

de querer ir manter os nossos feios amores vivos

que manda “encare este nosso intruso e o abrace

Nesses nossos ossos eu posso

fingir que meu osso-destroço

deste coração que, tendo troços

Fingia muito bem que ia bem, e fingia

em uma outra vida fingida por onde ia

que tudo era um mal esqueleto de rosa

e, sendo que cada rosa dessas me fugia

pensava eu ser minha história gloriosa!

Mas isso é puro engano do egocentrismo

retribuido com meus mentais paroxismos

que só servem para de noite ir acordar-me

sendo que hoje tenho arma quase nenhuma

e nenhuma sombra de amigo meu, em suma

não tenho nenhum nervo útil que me arme!

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 11/06/2012
Código do texto: T3718845
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