Pergunta e Resposta
Uma existencia passada, fruto de sombra
o fantasma falho que ninguém assombra
veio me pedir, não sei porque, conselhos
“como consegues manter a tua boa fé
andar de cabeça erguida e, pé ante pé,
da-te forças para ver ninguém de joelhos?”
Ele sabia que, por mais que tentasse,
a língua ficaria preso àquela tentativa
sabia que, mudando músculos da face,
ficaria só naquela contorção semiviva
procurando já sem saber direito onde
disse ao vento, naquele que esconde
Eu já não sei que força é essa: coercível
com a propriedade específica de horrível
que rudemente chega e sempre me impele
e parto pro Mundo que chamam de sadio
e belíssimo, lógico, mas na vida de vadio
nenhuma dessas sensações me tocou a pele
Todos acham o parto bonito
mas eu, com o meu ser aflito,
nunca encontrei características tais
vejo apenas o começo de uma luta
ir moldando-lhes a sua má conduta
por forma de leis e diretrizes sacrais
Não sei porque me vem a cabeça cansada
a minha imagem inútil e super-idealizada
e nunca me deu caricias por mais que idealizasse
eu nunca sequer entendi esses obscuros motivos
de querer ir manter os nossos feios amores vivos
que manda “encare este nosso intruso e o abrace
Nesses nossos ossos eu posso
fingir que meu osso-destroço
deste coração que, tendo troços
Fingia muito bem que ia bem, e fingia
em uma outra vida fingida por onde ia
que tudo era um mal esqueleto de rosa
e, sendo que cada rosa dessas me fugia
pensava eu ser minha história gloriosa!
Mas isso é puro engano do egocentrismo
retribuido com meus mentais paroxismos
que só servem para de noite ir acordar-me
sendo que hoje tenho arma quase nenhuma
e nenhuma sombra de amigo meu, em suma
não tenho nenhum nervo útil que me arme!