Da carruagem e das máscaras

Sob um mar negro de rancor patológico, está ancorada (in)consciente sua luxuosa carruagem; você vive tresloucadamente e as suas máscaras frígidas encenam fantasias nas quais se vê circunstâncias antitéticas; entre os plebeus, plebéia e entre os... Mas o que lhe apetecia era o clichê, a mesmice; uma prática maniqueísta de viver opostos, o bem e o mal. Eu não sou bom. O padre católico não é bom. ´tou puto da vida. Teatralizamos a partir da mentira do outro; uma espécie de falsidade circunstancial; reflexo desse espelho quebrado e que juntamos os cacos com as mãos cortadas de retalhos de palavras e de gritos. As veste talares – clérigos e juízes – condenaram-me pelo crime de mitomania; mas o rato imundo falava a verdade; as pessoas querem enxergá-la como mentira a fim de resolver suas dúvidas. Isto as leva a atribuir a culpa a outra causa. Leões e tigres no reflexo da mobília. Quis que as nuvens cinzentas que anunciam a chuva fossem embora de meus olhos. E as carruagens se foram por entre o fogo pacífico do cansaço; uma trégua. Sou um poço que se abre aos desejos e se vulnera quando lhe retiram a água com baldes de madeiras farpadas.

Gabriel Furquim
Enviado por Gabriel Furquim em 10/06/2012
Código do texto: T3716360
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