MÓRBIDA VISITA…

Bate-me aqui à porta

As pernas tremulam

Que indesejável visita...

É o medo que assola

Células se descontrolam

Será que a química consola?

Poderei mandá-la embora!

Deixará a dor que apavora

O que guarda a escuridão...

Será que verei a aurora?

Pés fixos acariciam o chão

Quero o sol das manhãs

Sou tomado de emoção

É o frescor das hortelãs

A esperança da vida...

Vencerá a morte?

Temor do desconhecido

Anestesia os sentidos

Ouço o cruel estampido...

Dos malditos triglicerídeos

Mergulho nos comprimidos?

Fecho a boca e o ouvido

Que pólipo esquisito é este?

Irmão gêmeo do nódulo...

Logo exercito o espírito

Soltando estridente grito:

Vim do pó e ao pó voltarei

Receba meu último pedido...

Meio que assim constrangido

Não preciso das tuas lágrimas

Mórbidos versos de improviso

Colocam a força da esgrima...

Como pode chegar sem aviso

Que paixão é esta que vicia?

Solta o suspiro que sentencia:

Please... Não me falte o teu riso!

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 18/05/2012
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