MÓRBIDA VISITA…
Bate-me aqui à porta
As pernas tremulam
Que indesejável visita...
É o medo que assola
Células se descontrolam
Será que a química consola?
Poderei mandá-la embora!
Deixará a dor que apavora
O que guarda a escuridão...
Será que verei a aurora?
Pés fixos acariciam o chão
Quero o sol das manhãs
Sou tomado de emoção
É o frescor das hortelãs
A esperança da vida...
Vencerá a morte?
Temor do desconhecido
Anestesia os sentidos
Ouço o cruel estampido...
Dos malditos triglicerídeos
Mergulho nos comprimidos?
Fecho a boca e o ouvido
Que pólipo esquisito é este?
Irmão gêmeo do nódulo...
Logo exercito o espírito
Soltando estridente grito:
Vim do pó e ao pó voltarei
Receba meu último pedido...
Meio que assim constrangido
Não preciso das tuas lágrimas
Mórbidos versos de improviso
Colocam a força da esgrima...
Como pode chegar sem aviso
Que paixão é esta que vicia?
Solta o suspiro que sentencia:
Please... Não me falte o teu riso!
Hildebrando Menezes