Que venha o horror
Existe um certo fantasma e ele tem
ecoado a minha prece e meu amem
Meu Deus! Este fantasma tem me seguido
desejoso da pouca carne que tem os ossos,
imaginando roer este meu corpo carcomido
para fazer, de meu ser, a pilha de destroços!
A uma massa de humus tenho que reduzir-me
os tendões terão que ir relaxar sua garra firme
para deixar-me deitado comfortável no caixão
e de fácil consumo para os vermes deste chão!
Tendencia estranha esta minha, a de
misturar a esperança solar ao Hades
lembrando-me, deste homem vão, a sua dicotomia
mas ficar reclamando é de uma inutilidade imensa,
pois toda vez que fico de cama minha mente pensa
ter sido um dia a ração inglória que o verme comia
Mas que maldição intragável a de ser homem
semi-deus pensante que esses vermes comem
como se fossem eles a espécie de deus menor
cada um deles terá de achar minha carne doce
agradecendo tal abate imenso a quem o trouxe
e ao reconhecer-me, dizer meus pecados de cor
Fico procurando diariamente razões para viver
e, cego por completo, até hoje me nego a ir ver
as razões, e olhos se abrem sem contudo vê-las
questiono-me se há para tudo isso alguma razão
abro o meu peito e vejo muito vazio no coração
e noto que falta nessa alma o brilho das estrelas
Eu não sei ensinar aos outros como sentir esperança
porque, ainda hoje, esta minha propria alma se cansa
de ficar aqui na terra, esperando vida póstuma e ficar
pensando nas regras que vão regular todo meu futuro
e quando penso nisso inevitavelmente vejo, vou, juro
que conseguirei defender a causa se hoje for me matar
Mas minha menina não iria querer que eu me matasse
por isso tenho de aguentar as mazelas dessa rude face,
tendo que viver depressivo a minha longa vida inteira
e ser tratado como algo que ninguém quer ter consigo
não conseguir ter, na vista de outrem, um belo amigo
e já ser jogado fora como fruta podre de alguma feira!
isso acontece porque eu sou manso e não o animal
intimamente rude e para todo o sempre agindo mal
pois existem pessoas que acham em dor certa graça
mas é que eu desaprendi a ver a bela aurea do Amor
minha córnea cansada vê somente a confusão da dor
eu inevitavelmente rio de toda esta infinita desgraça!
Talvez eu tenha sido, desdo começo,obtuso
e, por abusos vários, ter ficado bem confuso
sem saber como ir manipular boas informações,
queria ter visto a aniquilação de gregos e curdos
mas o teatro teve explosões, e então fiquei surdo
a toda aquela deita docilidade das novas canções
E como me atrai as tais obras de violência
com sangue e o suor, avança nossa ciência
de todo este mundo diariamente enganado
por aqueles velhos, reprometidos milagres
dando nas linguas aqueles gostos tão acres
semelhante ao do sangue rubro, coagulado
Falam-me de esperança e disso intimamente duvido
pois esta palavra não tem um sentido no meu ouvido
não que eu esteja já de todo surdo ou esteja eu burro,
deixo passar as proparoxitonas e seus graves acentos
e este corpo elétrico fica ainda de uma briga sendento
na sinnfonia louca tocada com vários chutes e murros!
Assim imagino o Fim do Mundo, mais ou menos
a guerra dos demonios feios contra anjos amenos
onde o ser humano é somente o mero expectador
e que venha mais litros de sangue, e mais horror!