Vermes
Sou todo excremento,
Viroses.
Sou dor,
A aranha cuspindo fogo.
Sou o desenho mal traçado do que era sol,
Um punhado de lama em teus sapatos.
Sou o vômito verde do alcoólatra,
O esgoto repleto de ratos.
Sou sujo, imundo.
Sou o fracasso, o alvo errado.
Sou o estupro da poesia,
Estúpido por ironia.
Um suicida com vontade de viver.
Sou a lepra da sociedade,
O pus da ferida organizacional.
A barata esmagada e engolida crua.
Sou a berração mostrada nua,
O inferno que escolhi.
Sou o passado sem cura,
O presente que agoniza
E o futuro preso a loucura.
26/06/2001 (Cem dias antes de morrer – O diário de um suicida)