VERSOS DEMENS

Essa gente que pouco sabe, só percebe que algo perdeu
Quando o procura e não mais vê.
Refeições e bebidas diversas alimentam seus corpos e mentes.
A grande perdição no vasto cardápio. Masturbação mental.
Querem tirar a roupa para a libidinosidade. Baratas se escondem para se desnudarem.
Ecoam encantos falsos.em cantos quaisquer. Insetos dançam e rompem a essência.
                                                                                        Sem rumo, sem destino!

A madrugada parece morta.
Vejo vida no nas sombras e no silêncio.
Livre dos vermes que dormem, amaldiçoados entre cruzes e espadas,
É que mais me percebo: um fantasma que grita sem ser percebido,
Um cão que chagado que ladra por aí, outro verme que apenas não dorme.
Há algo errado na grande obra. A escuridão é espanto.
                                                                                         Assusto-me? Nada.


Aquela morena que vem a minha casa ama o mundo
E, dentro dele, não gosta de formigas pensantes.
Mas como ama o mundo sem como elas andar não sei.
Formigas, borboletas, águias, urubus, o escambal.
Tudo é mundo e o que é o mundo?
                                                                                         Subjetividades . Incertezas.

Amanhece. Fora-se a madrugada silenciosa em que vivia na morte.
Quebraram o pedaço do meio-fio onde me sentava. Grande merda!
Mudo-me para o lado. Muda também o universo. Perdi a luz costumeira da manhã.
Preciso me ajeitar de novo. Palavras a esmo. O vento me chega atrasado.
Não sou borboleta flutuante, se me destrói o trono, preciso construir outro reino.
Mais solitário e, se possível, sem deixar pegadas por onde ando. Tenho medo de sucumbir.
                                                                                         Solidão.

Fecho os olhos e pouco vejo. Abro-os, menos vejo.
Está tudo enevoado. Águas barrentas. Equação insolúvel.
Motores, com seus roncos ensurdecidos, apodrecem o ar.
Há estranhos seres dentro dessas coisas. Eles riem e choram.
Por que? Não sei, nem quero saber. Não aceito mais desafios.
Meu cosmo está se retraindo. Desordem. Implodi em dissonância.
As leis são diferentes. A razão é a loucura. A loucura é razão.
Onde está minha verve?

A ilha está naufragando. Ser ou não ser. Ser. E não ser. Melhor nada ser.
Um velho se senta próximo. Fuma um palheiro. Ele não sonha mais.
                                                                                          Está morto.

Um cavalo, um gato, alguns pássaros teimosos se envolvem com a parafernália,
Não existiam assim. Acho que estão contaminados como meu riacho.
Como eles, nem sei mais se já fui servo ou rei. Devo ter sido algo medieval.
Divisas incertas. Parâmetros loucos. Mas ainda vejo estrelas. Pelo menos isso.
E eu as vejo de dia. Isso parece ser grave. Sinto frio. Dividi o tempo.
Ouvi dizer que estou louco. Tornei-me o inverso. Razão vazia. Dor de existência.
                                                                                          Ser maldito!

Rompe noite em meu dia. Tua lua não mais me toca.
De minha nova morada ao meio-fio, vejo lindas mulheres passando.
Tu me traíste, vida. Tu me traíste também, morte.
Vaga chama. Paixão não. Amor não. Não junto mais cacos nem sonhos.
Fechei todas as portas a esperanças quaisquer. Sou verbo defectivo.
Ilusões de sonhos se findam na convulsão. Tudo é metal. Robótico.
Ouço matraqueares, sinto as engrenagens da máquina fria.
                                                                                          Febre de delírios!


Há uma caixa singular na grande cidade. Um corpo na cama. Inquietude.
Dor dilacerante de uma vivente. Consumindo-se. Vida que se esvai.
Senti um anjo a vigiá-la. É belo e forte. Na hora certa, voará com elas aos braços.
Vai secar suas lagrimas, banhando-a em águas puras. Fronteira última rompida.
                                                                                          Última batalha.


Meus olhos ardem tanto. Minha mente mais. Ensaio um sorriso que não sai.
Falhei. Falhaste. Falharam todos. Isso é crônico. Abismo sem fim.
A hora de hoje também se tornou incerta. Silêncio. O sol está negro.
                                                                                         Deus, vou chorar!

Péricles Alves de Oliveira

Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 26/03/2012
Reeditado em 26/03/2012
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