Retrato da loucura

Oh, Musa Libérrima, audaz! Que as trevas

Ilumina e imita, sem se perder nas ilusões

Dos que tanto esforço fazem para morrer

De pensar nas mesmas obscuridades que as ervas

Trazem, quero-te, Severa Musa, pois encerras as paixões

Que os poetas fingem ter sem deixar de discorrer...

Este é o mal que tu causas àqueles homens, Bela Musa:

Não deixas de perceber o real, mas mostras a fantasia

E a magia das metáforas que te socorrem e que tu usas,

Musa, que mostra o oposto daquela hipocrisia...

Dize-me tu, Lindérrima Musa, quem pode os salvar?

Será que tua luz não liberta aqueles escravos da loucura?

Mas como pode esses homens bravos que neste uivar

São chorados por não serem mostrados em gravura...

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 25/03/2012
Código do texto: T3576070
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