Retrato da loucura
Oh, Musa Libérrima, audaz! Que as trevas
Ilumina e imita, sem se perder nas ilusões
Dos que tanto esforço fazem para morrer
De pensar nas mesmas obscuridades que as ervas
Trazem, quero-te, Severa Musa, pois encerras as paixões
Que os poetas fingem ter sem deixar de discorrer...
Este é o mal que tu causas àqueles homens, Bela Musa:
Não deixas de perceber o real, mas mostras a fantasia
E a magia das metáforas que te socorrem e que tu usas,
Musa, que mostra o oposto daquela hipocrisia...
Dize-me tu, Lindérrima Musa, quem pode os salvar?
Será que tua luz não liberta aqueles escravos da loucura?
Mas como pode esses homens bravos que neste uivar
São chorados por não serem mostrados em gravura...