Abismo...
Cai no abismo...
Mergulhei em meu próprio mundo.
Cai no abismo...
E me afundei na escuridão desse mundo.
Preso: minha alma na prisão de uma vida solitária.
Oculto: minha verdade oculta pela mentira suja dessa coisa chamada sociedade.
Busco a mim mesmo, e só encontro as trevas em feridas hediondas e sangretas.
Perebas...
Perebas por toda parte: na pele, na alma, na carne e no mundo.
Toda fuligem exposta na cisão sangrenta do carcére de almas.
Minha alma trancada no sujo obscuro de um quarto escuro.
Criaturas rastejantes caminhando por sobre minha pele: elas desejam minha carne.
E não há lugar, nem espaço.
Não, não há compasso, nem compaixão.
Tudo ferido, tudo muito ferino!
Minha alma, minha carne, meu coração...
A pele pegando fogo: o fogo do desamor e da dolorosa tristeza.
Marcas por todos os lados de meu ser: alma, corpo e coração.
Tudo perdido...
Tudo de mim e em mim: tudo jogado na escuridão.
Sim, tudo jogado na escuridão e no vazio da solidão.
Abismo.... abismo... abismo...
Abismo fruto do egoísmo de um mundo preso no individualismo e no vazio de coisinhas supérfluas.
Cade o valor humano? Cade o amor?
Tudo vira papel, tudo vira pó.
Poeira jogada na alma e nos sonhos.
Corpo caído e decaído.
Vida oprimida e suprimida pelo motor da desigualdade.
Deus, quanta maldade!
Onde foi parar a piedade?
Onde foi parar a solidariedade?
Jaz aqui o lugar de uma alma que nunca encontrou um lugar no mundo.
A exploração sentida na carne podre, mas ainda viva.
Sentimento: lágrima caída dos olhos...
Gostas de sangue saída do corpo e da alma.
Mal sem cura: cura sem mal.
Preso na loucura, meu coração, alvo de uma maldade sem cura!
Cansei de tanta procura!
E vivo agora apenas o silêncio.
Sim, o silêncio de minha doce e inseparável loucura.