DOUDIVANAS

“A liberdade vigente,

É minha prisão maior”

Ah! se eu tivesse o prazer

De ter a liberdade de fazer

O que quero, dizer

O que quero

pintar

cantar

e gritar

palavras quem nem sei o significado,

mas que o corpo diz em silêncio

quando a raiva alisa minha testa,

ou quando a paixão prende

minhas pernas

finas, impedindo os passos à frente.

Ah! se eu soubesse desde logo,

que as horas passam tão rapidamente...

Eu jamais sentaria,

jamais olharia a menina da janela,

Eu correria atrás

e quebraria a cara.

E levantaria

e diria em alta voz: “espere-me o amanhã!”.

Ah! Se eu soubesse

que ser louco era minha solução

cedinho, cedinho firmar-me-ia

nesta sina

e cresceria

feliz e sorridente em meu mundo

criado a cada dia por meus dedos

por meu querer

pelo traço borrado das minhas letras falantes

que teimam em fugir da cabeça

e cicatrizarem-se em papéis,

todas guiadas por minhas mãos...

Mãos sujas do querer de outros.