Nas linhas
Podemos falar agora
Falaremos deles ou ate de nos
Somos tão iguais assim condenados ao silencio do sepulcro
Nossas vozes amordaçadas
As vozes deles... tão quietas
Aqueles que traçam suas historias redigindo palavras nas linhas como trens
Que se encontram discutem e planejam
Aqueles que esperam
Tão sóbrios ou bêbados que já não sabem a diferença
Jovens com alma de anjo e a retórica das fadas
Aqueles que são desacreditados
Que trabalham nas fabricas cercados de nada
E que pensam
Que foram confundidos difamados e esquecidos
Aqueles que ainda sonham suas casas cobertas de gloria
Seus desejos tão plenos de goso
Aqueles que escapam aos laços da realidade
Alterados, magoados, mas coesos.
Os que não falam das noites secretas nem choram aos ouvidos do povo
Que experimentam as torturas sem reservas
Que predizem seu próprio mal decaindo aos poucos
Os loucos e idiotas
Os cegos não querem velos
Seus faros não podem encontralos
Seus sentidos inúteis não podem reconhecelos
As bestas rondando nas ruas
E eles corajosos permanecem
Os que insistem nos talentos que lhes pertencem
Os que não temem e não ligam
Os que não querem suas aprovações
Aqueles que sabem
Apenas isso
Somos nos armados de palavras
Cavaleiros montados na escrita
Nossas lanças de poemas afiados
Nossas armaduras de historias escritas
Nossa dor se derrete no copo
Nossa noite e longa e vivida
Nosso amor sabe que e nosso
Nossa lua e opaca e sem vida
Somos-nos que não trazemos esperanças
Nem exasperamos conflitos
Que só possuímos a palavra e a poesia
Somos-nos
Presos, perdidos, condenados.
Que somos simples e confessos
Que amamos e odiamos
Que resistimos
Nos os que não esquecem
Somos nos amontoados de canetas e cadernos
Somos um mundo dentro do outro
Somos-nos
Somos-nos
Nos que somos.