Quando tentei ser eu mesmo...
Quando eu tentei ser eu mesmo, fui taxado de louco.
Quando mergulhei na verdade, fui chamado de maluco.
Quando quis chorar, me chamaram de deprimido.
Quando quis viver do meu jeito, me chamaram de excêntrico.
Quando quis seguir com minha vida e abandonar tudo que me fazia mal, me chamaram de ingrato.
Quando quis dar fim ao meu sofrimento, me chamaram de doido e doente.
Quando quis sorrir e libertar a criança que havia dentro de mim, me chamaram de retardado.
Quando quis caminhar livre pelas ruas, me chamaram de vagabundo.
Quando quis ficar somente em casa e esquecer o mundo, me chamaram de maníaco.
Quando quis viver, me chamaram de egoísta.
E quando quis morrer, também me chamaram de egoísta.
Quando quis gritar e gritei, me chamaram de idiota.
Quando quis jogar tudo para o alto, me chamaram de inconsequente.
Quando quis pensar na vida, me chamaram de metódico e sistemático.
Quando quis ficar, me chamaram de burro; e quando quis partir, me chamaram de covarde.
Quando quis sonhar e sonhei, me chamaram de sonhador.
Quando não quis mais sonhar, me chamaram de desiludido.
Foi aí que eu entendi, que não importa o que fazemos: sempre seremos julgados.
E a maioria desses julgamentos jamais serão justas e jamais corresponderão a verdade, do que realmente somos e sentimos.
Deixei então de me importar com a cartilha ditada pelo mundo.
Deixei de sofrer, por não ser do jeito que o mundo e as pessoas gostariam que eu fosse.
E então deixei para lá e mergulhei no meu ser.
Passei a olhar para dentro de mim.
Mas, os julgamentos continuaram.
O mal é cada dia perpetuado e às vezes chega dolorosamente ao meu coração.
Mas, eu continuo firme.
Sim, eu caminho firme pela minha loucura sadia.
Sim, porque nesse mundo mesquinho e enfadonho, só a loucura pode nos salvar.
Sim, só a loucura pode nos salvar...
Deus, não permita que aqueles que se dizem sãos lancem o mal ao meu coração.
Deus, permita que em tudo que eu faça e viva, eu possa sempre evitar julgar as pessoas.
Porque no fim, nada fica e nada resta, além da dor de não ter conseguido viver, somente porque alguém jogou pedras nos nossos sonhos e assim acabou por nos impedir de viver.
Então, que a loucura me salve, não, que a loucura nos salvem.
Sim, que a loucura nos salvem dos julgamentos dos outros e principalmente dos nossos próprios julgamentos.