UM BALÃO À DERIVA
Meus olhos são planícies inundadas de sol
Formado nos prismas dos arco-íris sedentos
Contudo, meu rosto crispado é floresta
Onde moram as incertezas!
Minha boca é deserto onde as palavras se ausentam
Em nenhum outro lugar a penumbra avança mais do que em minha alma, um continente de sombras!
Além disso, há ainda os pântanos que ilham meus sentimentos
Há ainda a superfície desfigurada dos sonhos rompidos
No oásis enganoso das ilusões, meu lema é a inconstância
Um balão que flutua sobre todas as coisas sem rumo
Voa acima dos campos e dos mistérios e desconhecidos
Sempre ralando nas escarpas do medo
Acima das camadas do pó, que permeia a vida
Onde tudo se aceita e nada se explica
Onde tudo contribui para o aumento das distancias,
Que não se pode medir
Do silencio que não se entende
E da solidão que não se aceita!
Eu sou iluminado pelos reflexos da luz dos outros
E sinto, ainda assim, que a pequena claridade me contenta
Porque não me deixa antever meus limites.