Anatomia do Grande Manicômio Social
Artérias pulsantes de gente se achando sã
Trafegando em veias obscuras da insanidade
Glóbulos brancos em maior quantidade
São células mutantes do que foi o amanhã
Como vírus que combate a saúde
São os loucos que perderam a juventude
Como a pupila que retrai a luz do dia
A massa encefálica me parece bem vazia
Vide o verso do esqueleto, agora!
Andarás sobre músculos de flexão, de reflexão.
A cartilagem que desdobra o dinheiro, outrora
Fora o calcâneo que esmagava o chão.
Traquéias silenciadas pelo sistema da razão
São epidermes que bronzeam a luz do ego
É o estômago digerindo mais e mais alienação
São os metacarpos de paletó brincando de lego
Como ser livre nessa sociedade sem ter razão? Poderá o homem até ser livre de razão, mas sempre estará preso à emoção.
O homem sempre será escravo de seus próprios impostos, trabalhadores de sua própria psique.