CHÃO DE PENUMBRA

Juliana Valis




Não quero mais

Ver o chão de lama

Desenhado na alma do mundo

Como apologia ao materialismo

Como nostalgia de um sangue derramado

Em vão, a despeito das lágrimas...



Simplesmente, eu não quero mais

Ver o chão de penumbra

Desenhado no âmago do mundo

Como apologia ao precipício dos sentidos

E da razão e dos sentimentos mais sublimes...



Não, de fato, eu nunca quis

Vislumbrar além do sol, o vácuo

Aquém de mim, a sombra

Da desesperança sempre a espionar

O êxtase crucial dos dias

Vividos ? Cantados ?

Nunca saberei ao certo....




Não, não pedi ao verso

Que beijasse a hora

Enquanto este universo

Gira, desobedecendo o sol,

A despeito das nuvens trôpegas

E perdidas no céu de outrora,

Em meio às estrelas da vida

Neste chão que a penumbra

Desenhou bem no cerne do mundo

Como apologia ao que não fomos.


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