Loucura de um louco

tomar-me-ás

como flor de carne burilada à tua mão de fogo

de alma incorruptível de tão salgada

tomar-me-ás

na sinopse recta de um tempo de devir.

para trás ficarão de nós convés vazios

e fomes

e lábios rachados no cieiro dos frios

e mãos

agadanhadas

nas labutas marítimas dos homens e das águas.

dobrar-te-ei

pelos quadris na amurada da noite

com os astros a explodir ternuras na tua boca

e as pernas incendiadas de desejo.

dar-me-ás de presente o reverso da lua

um colar de sargaço

um boquet de corais

(coisas simples, banais, maravilhas ancestrais)

depois

colada a meu rosto, a minha boca,

unos de correntes e laços no ensejo dum beijo,

argutos em Pégaso, celebração,

sentiremos

o movimento dos mares profundos

no balanço genésico dos corpos na palma de tua mão...

- porque a louca sou eu!

Helena Correia
Enviado por Helena Correia em 20/02/2012
Reeditado em 20/02/2012
Código do texto: T3509757