Loucura de um louco
tomar-me-ás
como flor de carne burilada à tua mão de fogo
de alma incorruptível de tão salgada
tomar-me-ás
na sinopse recta de um tempo de devir.
para trás ficarão de nós convés vazios
e fomes
e lábios rachados no cieiro dos frios
e mãos
agadanhadas
nas labutas marítimas dos homens e das águas.
dobrar-te-ei
pelos quadris na amurada da noite
com os astros a explodir ternuras na tua boca
e as pernas incendiadas de desejo.
dar-me-ás de presente o reverso da lua
um colar de sargaço
um boquet de corais
(coisas simples, banais, maravilhas ancestrais)
depois
colada a meu rosto, a minha boca,
unos de correntes e laços no ensejo dum beijo,
argutos em Pégaso, celebração,
sentiremos
o movimento dos mares profundos
no balanço genésico dos corpos na palma de tua mão...
- porque a louca sou eu!