AINDA...

Vestiremos no avesso as camisas,
Cruzaremos as misteriosas esquinas,
Transformaremos o minuano em brisa,
Encheremos de luzes as nossas retinas.

Navegaremos, velejaremos sem receio da maré,
Celebraremos os encontros, os pontos bem traçados,
Veremos a árida realidade como ela não é,
Criaremos asas - voaremos... encantados.

Coadunaremos nossos passos nos aclives e declives,
“Pegaremos carona no rabo do cometa”,
Deixaremos as crianças que nos habitam cantarem livres,
Teremos a suavidade das borboletas.

Construiremos um mundo lírico, transparente,
Sintonizado, habitado pela poesia,
Lançaremos versos transcendentes pelas vertentes,
Solucionaremos os vieses, as intempéries da via.

Hastearemos o verdadeiro amor na praça central,
Captaremos o que a antena não captura,
Encontraremos a cura para todo mal,
Daremos a lucidez, oportunidade de ser loucura.

Transmutaremos nossas almas ádvenas,
Diremos à liberdade: seja bem vinda!
Seremos tantos, mesmo sendo nós, apenas,
A acreditar na palavra - ainda...