POEMA NA MADRUGADA
Vivo buscando descobrir
cada vez mais o sabor das palavras,
abasteço-me embriago com elas...
Seu cheiro e sabor inigualáveis me
levam ao delírio!...
A leveza e maciez com que tocam a minha pele me fazem relaxar e voltar a ser criança precisando de colo...
Bebo as palavras degustando cada gole
com se fosse um licor de neve
exalando o sabor da brisa matinal,
embriagando dois apaixonados
numa interminável noite de amor...
em uma festa inexistente.
Respiro as palavras durante o sono e
acordo atônita no meio da madrugada...
E me vejo atracada à cumplicidade
do meu silêncio...
Da minha janela (sem grades)
olho a rua e me ponho a vagar,
e me vejo nua...
Porque muitas palavras
já adormeceram,
e esqueceram...
de alimentar e vestir o meu poema.
ISIS DUMONT