SILÊNCIO

O povo observava,
O corpo estirado no chão,
O povo sussurrava,
Procurava uma razão,
O povo se multiplicava,
Com focus de interrogação,
Até que ponto é loucura,
Até que ponto é depressão,
Alguém se atirar da altura,
Voar sem asas, rasgar o vão,
Mas, a vida é dura,
É ruptura desvairada,
“Nossa semeadura,
Dura caminhada,
Pela estrada escura”,
É o limite do próprio in,
Um estranho festim,
Tem gente que não atura,
A postura da decepção,
E sai de si, deixa de luzir,
Nessa dimensão,
Eh! Meu irmão, a vida é dura,
Poucos sins e muitos nãos,
É recorte de costura,
Amontoado no galpão,
Uma inclassificável procura,
Pela freqüência do diapasão,
Entre uma e outra harmonia,
Alguém se distancia,
Da misteriosa canção,
E cala o coração.