Nos versos que nunca escrevi
estão as dores que nunca disse
Na poesia morta que um dia
abortei,
estão as minhas mesmices;
Aquelas que não te contei...
Os meus mais secretos desejos
os sonhos de abraços e beijos
das noites que nunca vieste...
Da boca que nunca provei
um gosto amaro e agreste...
Acordo como quem já não dorme
com a vida me adormecendo...
Observando as janelas... sigo,
sem sono e sem está vendo...
Vendada por tantos mistérios...
Sou uma nuvem que passa...
Apenas um refrigério,de
mais uma vida sem graça!
Na minha linha do tempo
as marcas e a pele marcada!
De quem passou no horizonte
sem rastros e sem pegadas...
Enquanto estática eu vivo
com uma ferida estancada
capto os sons dessa vida,
e de minhas vidas passadas
em meio as manhãs iludidas
e nos silêncios das madrugadas...
Negando o hoje e o futuro
vivo em cima do muro
crendo não merecer nada...
Esses meus ocultos anseios
levarei pro túmulo comigo
ou morrerei de luto e tristeza
por esse eterno castigo!
Viver uma vida sem vida
ou morrer pra viver outra
vida...Minha pena e meu jazigo!
Medo da chuva - Raul Seixas
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