EXIGES TUDO DE MIM
Exiges que eu passe a vida
a vasculhar nos escuros
teus significados cifrados
mutantes hieróglifos
a mim que há muito já não me sei
sibila
sacerdotisa
arqueóloga
a mim que tentei
escavando-te
nos subterrâneos
cidade após cidade
sempre mais fundas
chegar sempre em vão
a vestígios
de um vesúvio primeiro
de uma tróia
de uma atlântida
de qualquer cidade primeira
de ti e de mim.
Cada dia um enigma a mais
simplesmente
porque nunca
nos foi dado amar
na claridade do tempo comum.
Vasculhaste a mim
também assim
em busca
das cidades ocultas de nós.
Ah, a dor de nunca nos ter sido dado
por direito viver
à clara luz de cada Sol.
Por que continuas a te enviares assim,
a mim
reclusa nesta noite
só de poços tapados
a mim que já não tenho
quaisquer varas de condão?
Ah, pudera partir
para ignota cidade ...
cidade de mim que já não me sei...
cidade
onde pudesse esquecer
de todas as cidades
para sempre soterradas de nós dois.
Ah... pudera partir, eu que não posso partir.
Há outras amarras que me prendem os pés.
Na noite de 02 de fevereiro de 2012.