Sono Interrompido

Eu, novamente com esta minha cabeça insã,

inexplicavelmente acordei as três da manhã

tentando achar os motivos, achando nenhum

e tendo que ir enfrentar certas sensaçoes sem um nome

como exemplo: a necessidade acumulada de uma fome

sem saber como é que se prepara meu próprio desjejum

Acordei com todos os monstros na alma

submetendo o meu corpo ao feio trauma

de ser escravo fiel aos próprios instintos

e com a culpa tipica daquele que nunca se redime

eu ia me lembrando vividamente do fato do crime

e o seu cadáver jorrando sangue no qual me pinto

As formas minusculas de um ínfimo inseto

pousa lentamente sobre um estranho objeto

da qual não sei nem o formato nem sua cor

maldita curiosidade esta que guardo comigo

eis que quando eu ligo as luzes deste abrigo

o primeiro sentimento do dia é somente dor

Como um serial killer, mais este corpo avoluma

o curriculo desta mão, que não faz coisa alguma

fora daquilo que não produz alguma vítima

eu saio da cama cedo sem realmente acordar

sentindo em mim mesmo um enjoô insalutar

como aquele que ocorre na má vida maritma

Como meu corpo é confuso: diariamente reclama

tenho grande fome, tenho sede, ninguem me ama

sendo a criança extremamente mimada que ele é

ponho os pés no chão lembrando sonhos que tive

na cama são formados dias lindos que se não vive

mas que são projetos sempre cridos com bela fé!

Mas as loucuras nas quais eu sonho nem mesmo Freud,

único psiquiatra que conheço que faz uso de alcalóides,

explicaria com meios que fossem totalmente satisfatórios

posto que quando eu me deito minha potência se expande

e digo as loucuras que crio: sai desse papel, respire e ande

para ser uma incompleta divindade dos universos ilusórios

A poesia algumas vezes me tem um alto custo

e sinto nesse instante uma saudade de Augusto

mas o seu livro “Eu” a uma amiga emprestei-o

e por aqui confesso que esta minha saudade é tamanha

que não me surpreenderia se de alguma forma estranha

o Augusto dos Anjos soubesse da dor que sinto no seio

Quem dera fosse uma metáfora tudo aquilo que escrevo

mas a verdade é que meu coração se põe em alto relevo

ao lembrar-se que meu amor volta apenas na outra semana

sinto me vazio e mecanico como o passar dessa longa hora

tenho meu bizarro presentimento que mais ou menos agora

minha lembrança por parte dela a traz ao mais total Nirvana

Mas tudo isso é loucura e que jamais será provada

provavelmente nunca se contorçeu a minha amada

em sonhos vastos no qual eu somente protagonizo

a noite é fria e são óbvios os aspectos dessa solidão

ferindo os cantos mais obscuros deste meu coração

onde cresce uma dor absurda na qual eu me agonizo

Meu Deus, por que que teve de ser eu a suportar no pescoço

tal órgão de um cérebro superativo, dentro do cranio de osso:

uma cabeça que se recusa a esqueçer questões antigas

ao procurar, nos vários dados de sua interna biblioteca,

razão pela qual as populações dos maias e a asteca

pareciam similares e, mesmo assim, eram inimigas

Feliz seria eu se a Vida fosse uma formula matemática

em todos os angulos de suas faces sempre útil e prática

que não tivesse esse anárquico e sempre louco aspecto

de fazer uma alma confusa, em um dia bem depressivo

só pelo simples fato de ter consciencia de se estar vivo

mas lutar por essa mesma Vida quando se esta infecto!

Já passa da hora de alta madrugada, minha pálpebra me tortura

e não consigo parar de pensar em coisas, no qual ponho enfeite

da mesma forma como, na cozinha, rego comida com um azeite

e meu animal interno se contenta com um pouco de má gordura!

A caneta finalmente escorrega para for a do alcançe do meu dedo

não sei se acabei de escrever, mas de saber isso tenho certo medo

temo muito que a arte da literatura venha um dia a me escravizar

que eu fique aqui, gastando vários dias a fio sem sequer perceber

sempre pensando em rimas melhores que poderia talvez escrever

e nunca chegando ao ponto de guardar as canetas e me contentar!

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 25/01/2012
Código do texto: T3461254
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.