Estranho

Uma peça sempre está faltando

No mundo,

Em mim.

Não de uma forma concreta

Como uma lacuna que deixa um vazio;

Mas como um nada que, aos poucos,

Perde os seus contornos ao se desfazer em tudo.

É, realmente, estranho, pôr-se a estar dentro do que não é.

E, dentro dele, estando, senti-lo como se ele fosse algo que é.

Estou querendo dizer algo que não sei o que é.

Mas, justamente por não saber o que é,

Acabo por entender que somente consigo sabê-lo

Na medida em que não o sei.

É...

Eu sei que é estranho.

As bordas do relativo, por um instante,

Arriscam a iminência de uma grande verdade;

Grande, mas ridícula.

Continuo indo para lugar nenhum,

Porque já cheguei;

Porém vivo como se estivesse sempre partindo,

Esperando por um trem que há muito se foi da estação;

Estação que já não existe,

Mas que quero reconstruí-la para poder dela partir.

Eu e o mundo existimos incompletos;

Nós somos completos apenas não existindo,

Apenas no gozo da falta.

Porém, a luz sempre projeta a minha sombra em algo,

Naturalmente, normalmente,

Ignorando toda a estranheza que a minha mente cria.

Junior Lopes
Enviado por Junior Lopes em 19/01/2012
Reeditado em 20/05/2016
Código do texto: T3449793
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