Anamnese

Espero que todas as risadas sejam somente essas

E que não me façam mais sofrer

Queria não lembrar tanta coisa

Às vezes, me pego assustado

Cochichando até em pensamento

Outra hora, aqui, dentro de mim...

Principalmente, na cabeça

Existem coisas impossíveis acontecendo

É medo

Durmo quase nada, que solução direi a ti?

E dirás a mim?

Enfim...

Brinquei um pouco com meu gato

Desliguei a pressão, e reativei meu raciocínio

Coisas comuns, diárias, naturais

Do que estou tentando me convencer?

A maioria das coisas nem existe

A maior parte da vida está vivida

Copiar parece a solução mais lógica

Inovar nunca foi de meu domínio

Convenhamos que não se aprende tudo

É o clichê básico me atormentando:

“Eu queria ser criança de novo”

Chamar mamãe, ter papai, conhecer amigos

Quem sabe, dispensar alguns

Quem sabe, dispensar todos

Viver de projeção é tão ruim

Mas o alcançar tem preço?

E lá vou eu me perguntando de novo

Catatônico

Medindo bem os passos

Quando me movo

Espreitando as margens dos atos

Tocando com a ponta dos dedos...

Os locais inimagináveis, loucos...

De certa forma, macabros

E... Admito, meio estranho, sublimes

É um vício, e sempre foi assim

Eu tenho muito medo de ser só pobre...

E nada mais.

Daniel Sena Pires – Anamnese (16/01/12)