CASO ENCERRADO

Nossa relação tá meio dégradé

Nossa relação tá num embasado fumacê

Escondemo-nos por dentro démodé

Repartidos num aquário de vidro fumê

Estamos juntos sem nos ver

Como apóstolos incrédulos

Que não acreditam no amanhecer

Padecemos e agora o que fazer

Ser ou não ser

Soa tão clichê...

E no porão do sepulcro é surdo o sofrer

Emudecer às vezes é mais cruel

Que escrever as mágoas num pedacinho de papel

As lágrimas que secam não voam para o céu

Encarceradas e escarlates se libertam

Como a Isis sem seu véu

Ou a confissão sem seu réu

Neste mesmo guardanapo úmido de papel

Não mais que de repente e num outro tom

Chegara-me pelas mãos de um garçom!

Falava-me pelas flechas de um cupido apaixonado

Um escrito improvisado de batom...

Crucificas-me hoje bem sei

Mas por tuas mãos de Iscariotes me libertei

Pelos beijos que um dia eu tanto te dei

Nas horas em que a tarde finda

Ditas inda que incertas

Deste-me um ósculo no opúsculo da oferta

Hoje trago uma coroa de espinhos

Que a rosa me coroou para ser seu rei.

Olhei para os lados quem seria o culpado

Se em vida matei o que em vida me libertou

Quando havia me crucificado...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 15/01/2012
Código do texto: T3442964
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