Breu

Lembro-me bem do dia quando as minhas maiores loucuras

foram ativadas quando eu fui depositado nas fendas escuras

eu já estive em pesadelos entre todas as escuridões, menos aquela

a definição do Nada fora cunhado para aquela atmosfera especifica

aquilo parecia ser um Hades onde todo bastardo da imaginação fica

mesmo que não houvesse monstruosidade que tenha passado por ela

Somente eu que sou elétrico por aqui, o resto desta urbanizada cidade,

sofre a inatividade psiquica duma total ausência de minha eletricidade

no quarto, ao longe, ouço todos confessarem sua própria ignorância

deitado, reflito que, mesmo tal coisa sendo vital para nosso progresso,

no intervalo do coro massisso de humanas vozes, calado eu confesso

que, sendo já a anos um adulto, temo por nós como faz uma criança

Imaginação, queria nunca ter presenciado os lugares onde tú me levas

por exemplo, a Idade Média: uma época com tantas particulares trevas

onde havia somente plasma fraca dos fogos acessos em longas tochas

tentei dormir para ter a ilusão de que o tempo passaria rápido, talvez,

mas minha insônia maltrata o meu frágil corpo como tantas vezes fez

e a cama, que comprei por ser confortável, adquire a rigidez das rochas

Pensei que, assim como na longa história da Idade Média ocorreu

eu tenho um angustiante receio de que estas trevas durem mil anos

só que como desta vez é fraca a nossa fé, fiquemos como um ateu

mas sem reter para si a responsabilidade de algum provável engano

queria de todo meu coração conversar com alguém mas somente eu

sentia se contrair o amago da minh’alma ao receber o invisivel dano

dos tapas que me dava a mão destra forte daquele inpenetrável breu

Não sabia o que era cansaço, a minha imaginação sempre febril,

então presenciei ela e suas loucas arquiteturas criando coisas mil

amedrontava-me muito a natureza alienígena dos estranhos seres

eram frutos podres da minha mente apenas e tudo o que neles havia

alimentavam-se de manjares insossos feitos de profunda melancolia

e fazia-me meditar na possibilidade de verdade em seus afazeres

Criava tudo que podia: o que existe e aquilo que nunca existiu

coisas que a natureza já tinha e outras tantas que ela nunca viu

mas como era impossivel eu criar algo que ao tempo resiste

e não tive medo de encarar tudo que em mim fosse medonho

talvez fosse oriundo das partes esquecidas do meu pior sonho

e a revelação daquele teatro infernal me deixava muito triste!

Lá estava eu: deitado, como se estivesse a muito tempo doente,

brincando de ser uma falsa divindade daquele obscuro universo

aonde, embora não tivesse a vasta população que de nossa gente,

também estava lá, em similares escuridões profundamente imerso.

Não me acostumava ao desconforto visual de, entre todas as cores,

ver somente o monocromatismo preto pintando os meus arredores!

Sem ter outra opção a qual me recorrer, sumariamente me entrego,

a semelhança da desgraça fisica de ter nascido completamente cego

tateando bordas das dimensões feitas entre aquele meu Nada imenso

tento me comunicar de alguma forma com alguém do Mundo externo

mesmo tendo a impressão de que ninguém me ouviria naquela inferno

desesperado como nunca tinha ficado antes, em alta voz falo e penso

“Somente Deus, em sua onisciência, sabe de minhas alucinações

e juntara tudo em uma caixa similar a que tinha a jovem Pandora

ele planejou para elas a desesperada espera do badalar da última hora

para que sejam lançados no final dos tempos em Apocalipticas visões”

eis aqui a diferenciação essencial da natureza daquela caixinha tão boa

e pesadelos singularmente medonhos da imaginação em minha pessoa

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 07/01/2012
Código do texto: T3426958
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.