QUANDO EU ENLOUQUECER
Quando eu enlouquecer
(Espero que isto não demore tanto)
Não será por um ato de desespero
Nem por ter perdido a razão
Será por uma decisão pessoal, fria e calculada.
Farei tudo tranquilamente
Como fazem os mansos e os loucos
Primeiro, franquearei as defesas da mente
Para que me invadam os poemas
Depois deixarei que entrem o silencio e as estrelas
(Preciso muito alumiar meus escuros)
A esta altura
Eu já terei tirado meus óculos escuros
Que uso como disfarce
Irei então esvaziar-me de tudo que é supérfluo
Depois usarei um colírio
Só encontrado na minha consciência
Para melhor ver
Por todos os ângulos,
Minha estupidez
E os detalhes pequenos que deixei passar
Quando mergulhei na ilusão.
Depois disso... meditarei nas montanhas
Sem falar, sem ouvir nada, nem ninguém,
Há não ser o que disser o meu coração!