Bíblia de Satã
Bíblia de Satã
O Diabo é quem reina e sempre reinará na Terra.
Quando seu reinado cair, não existirá mais este mundo de dor.
Porém, todos saberão que Ele, o Lúcifer, o mais belo Príncipe,
Aqui neste orbe Foi o único senhor.
O grande Livro das trevas narra assim a verdadeira história dos homens na Terra:
Era noite ou era dia, não se sabe quando e nem se saberá.
Só se sabe que o Sol se curvou diante da Lua,
E esta diante dele.
Não se fez luz e nem trevas;
Pela primeira vez no mundo houve equilíbrio
Entre o bem e mal.
Mas no céu a guerra era perdida
As hostes de anjos de Lúcifer caídas
Porém na terra a batalha se refaria
O Grande Senhor, Amado pelos seus Irmãos Angelicais
Caia, caia neste paraíso chamado terra
Que outrora, tempos infinitos depois, criado apenas para Adão e Eva.
E nas Terras nórdicas Lúcifer e seus Irmãos iniciaram seu Reino Negro.
O sol então jamais brilhou como antes nesta aziaga região
As almas de todos os mortais foram condenadas a serem frias como a de Deus.
Lúcifer e Gabriel
Lúcifer reinava sobre os mares, sobre a terra.
Teus Irmãos se espalhavam sobre o orbe.
E Chuvas de Fogo caíram dos céus
Assim se criou o deserto.
E Chuvas de Gelo caíram dos céus
Assim se criaram as regiões gélidas.
Todos os Irmãos de Lúcifer se refugiaram nas matas
E Para sempre escaparam da irá de Deus.
Mas um dia, sem data, quem jamais foi revelado aos homens e aos anjos;
Deus enviou a Terra um dos teus prediletos:
O Belo. O Divino. Ah, Anjo Gabriel.
O Diálogo
Gabriel: - Lúcifer, meu anjo amado, Deus me enviou até ti.
Lúcifer: - E qual é a tua missão para comigo?
Gabriel: - Pedir que volte. Curve-se diante de mim e teu perdão será eternamente concedido.
Lúcifer: Oh meu Belo Anjo. Oh meu Lindo e desejado Amigo.
Diante de Ti me curvo.
Diante de Ti me prostro e beijo teus pés;
Mas já não há mais amor, tampouco fé.
Sou como esta terra úmida, árida, sem vida.
Em meu peito só há sofrimento, desilusão, angustia e morte.
Sou como meus Irmãos, Anjos Caídos;
Não somos maus como diz Deus.
Somos apenas seres traídos, tristes, sem esperanças,
Como todos os homens.
Gabriel: - Quem te traíste Lúcifer?
Os homens não são tristes!
São seres queridos, felizes!
Não meu amado Lúcifer?
Lúcifer: Não. Não Belo amado Gabriel.
Que tolices, que mentira tem sido pregada no Céu?
Gabriel: - Que os homens são a semelhança de Deus.
Lúcifer: - Oh, maldito. Por quê? Por quê?
Teu Deus segue a me perseguir.
Por que segue a trair seus servos e fiéis anjos?
Como já outrora fez comigo!
Gabriel: - Quiseste ser como ele, por isso te expulsaste.
Lúcifer: - Ah, somente o amei acima de todas as coisas,
E quis ser amado.
E em troca, fui condenado, condenado
A vagar calado pelo céu
A ver Ele regalar a Adão e Eva
Uma pura alma.
A alma que por direito, devoção
Era nossa, Nossa Gabriel!
Desperta-te! Anjo Belo e venerado.
Gabriel: - Invejaste os homens meu amado Lúcifer!
E por isto os destrói.
Causa dor, desespero. Leva-os a Morte.
Lúcifer: Tolice, mentira do Teu bom Deus; ingênuo, belo Gabriel!
Os homens não são a semelhança Dele
Estes seres não são humanos, não são mais criaturas criadas por teu Rei.
Gabriel: - Que dizes Anjo dos Sortilégios?
Queres me enganar?
Pensa em me afastar do meu bom Deus?
Lúcifer: - Não belo Gabriel. Não anjo inocente.
Adão e Eva traíram a Deus
Como Ele me traiu.
Esperei por todo tempo não contado
Derramei todas as minhas lágrimas nesta fétida Terra
E no fruto do pecado, depositei meu veneno
O espírito do mal.
Gabriel: - Oh, mentira! E o livro sagrado dos homens?
Lúcifer: Escrito por quem?Inspirado por quem?
Gabriel: Pelos profetas eleitos e inspirados por Deus.
Lúcifer: Então, respondido estás belo e ingênuo Gabriel.
Deus engana a todos os seus Anjos
Não haverá mais redenção!
Não existirá mais amor neste orbe
Todos foram condenados, como Eu, a sofrer eternamente.
Gabriel: - O Messias? Ele vem Lúcifer.
Lúcifer: - Virá, mas não para salvar o homem;
Ele vem. Mas para destruir e por fim em seu maior erro.
Gabriel: - E quem são estes seres, chamados homens, que caminham sobre a terra e adoram a Deus?
Lúcifer: - Bestas enganadas. Nem anjos, nem homens mais.
São filhos do demônio. E só.
Gabriel: - Heresias amado Lúcifer, estás a me contar!
Lúcifer: - Deserte-te do sono da ignorância eterna que foste Tu e teus irmãos condenados
Levante-te a cabeça amado Gabriel. E ouça:
Aqui, na Terra, úmida, fétida, por todos os vermes defecados por nós, Anjos Caídos
Não existe mais fé, esperança, amor.
Olhe ao teu redor. Veja a morte. A angústia. O terror. O eterno medo. O pecado. A Fome. E toda gama de desgraça. Por teu Deus roubam. Mentem. Matam.
Se forem filhos de Deus e não meus, porque sofrem?
Por que estão condenados a sofrer eternamente aqui?
Não são. São filhos do Demônio. São bestas pobres como Eu.
Condenados, condenados a morrer sem amor.
Sem serem amados. Sem serem desejados.
Jamais, Jamais conhecerão o puro amor.
Aquele que tive por Deus.
Jamais conhecerão a devoção.
Aquela que tive por Teu Generoso Deus.
Mas em troca, conhecem o descaso.
A traição.
A falta de amor
A mentira.
A cólera
O ódio.
O gosto do pecado.
O olor da morte.
Tudo que Deus me regalou
Regalei a cada um deles.
Suas faces não são a semelhança do teu criador.
São minhas, Gabriel, não são mais macacos
Não andam mais curvados
São belos como Eu.
Mas somente em tuas cascas de carne podre
Já que por dentro são ocos, impuros, féretro de vermes e morte.
Gabriel: - Amado, adorado Lúcifer,
Sofro já contigo.
Humilhado também me sinto
Traído, como Ti.
Lúcifer, faça luz em meus olhos!
Cesse minha dor ou faça-me saber viver assim como Tu aprendeste
E te seguirei por toda eternidade e diante de Ti
Prostrarei-me, Meu Amado Deus. Lúcifer.
Lúcifer: - Já sabe viver com a dor.
Apenas não a conhecia como Eu. Era enganado.
Condenado a obscuridade estava.
Libertei-te como desfiz o cativeiro de Adão e Eva.
O fruto e meu veneno caíram sobre a terra
E todo que nela comeu, nela bebeu, ave, carne, pasto, água.
Contaminou-se com minha dor. E meu espírito neles habita.
Hoje só a dor.
Desesperança
Angústia
Morte
Gosto por vingança
Pelo Poder
Lúcifer: - O que estas criaturas desejam?
Por que estes homens sofrem?
Gabriel: - Por que amado Lúcifer?
Por quererem poder
Por desejarem salvação.
Mas não sabem que estão condenados a sofrer
E como Tu, como Eu, iludem-se.
Acreditam na volta de um Messias Salvador.
Mas não sabem que dos Céus só vira mais dor e destruição.
E assim todos os homens,
Toda minha criação será condenada.
E como Eu, como Tu, serão dizimados por Deus meu bom Gabriel
Gabriel: - A morte esperemos Lúcifer.
Mas livres das trevas do Deus que cegou nossos olhos.
Então, Gabriel, conduz tuas grandes mãos a sua face, agora mudada, e retira os seus dois olhos. E a pela primeira vez entra a luz em tua alma sombria.
Lúcifer: - E assim seja feita à vontade de teu novo Deus! Que seja feita a minha vontade.
Que o sofrimento se multiplique com o tempo.
Finito
Assim foi revelado ao Anjo Gabriel
E a toda humanidade o porquê de todo sofrimento
Dor,
Angústia,
Medo,
Ódio,
Desejo,
Vingança,
Eterna tristeza,
Desesperança.
Toda mentira.
E se entendeu porque o homem sofre e sempre estará condenado ao sofrimento.
Pois a cada dia que vive, espera, seu doloroso fim.
A morte eterna os espera.
E a Ti. No Ades te encontrarei.