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Como se o peito ditasse
Outro ritmo imortal
E como se o verso versasse
Sobre uma outra moral
Deito-me, assim, em disfarce
Neste poema espiral...
Como se a vida faltasse
A cada suspiro de amor;
Como se o grato frescor
Das flores, assim, me beijasse
E teus lábios os meus encontrassem
Num ardoroso furor;
E como se o intraduzível
Pudesse na letra habitar
E eu fosse, enfim, invencível
Por saber-me feliz a te amar
Faria do verso pequeno
Um teu sereno altar...
Mas, nesta carne sensível
E nesta lágrima tão abissal
Leio a prova infalível
De que sou triste e mortal...
Morro no verso incontido
Misturando-me, assim, tão dual...
E deixo, por fim, construído
Meu legado sumário e real.
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