O atraso
O assassino continuava ali
Em pé, diante do sangue escorrendo lento e coagulante.
Formava-se então
Uma poça reluzente
Tão avermelhada quanto os olhos crus daquele oficial da passionalidade,
Havia uma coisa numa das mãos
Uma coisa firme feito um alumínio translúcido
E fria
Feito um mármore no crepúsculo de uma nevasca sepulcral...
Havia uma lágrima acorrentada na garganta do indivíduo,
E fazia com que a boca tremesse num remorso quase poético.
O assassino continuava ali
Olhando a vítima feito um algoz
Medindo o nervo arrancado da cerne!
Na outra mão o coração pulsando ainda
Transformado em segundos num resíduo elementar.
Nada poderia mudar a cena,
Inverter a conduta daquele sujeito trêmulo e perplexo.
O assassino continuava absorto naquilo que estimulava toda a tortura!
Pobre diabo metido num acidente de costas e frente,
Pobre diabo alienado de tanto não saber controlar a si mesmo.
Pobre diabo rangendo os dentes
Olhando no fundo da poça macabra
A má sorte estampada
Do fim daquele túnel ao ápice do cume...
O assassino continuava ali
Beirando ao cheiro fétido da mente doentia.
Doendo pela imagem que fez do ciúme
Acreditando naquilo que não existia...
Abriu os olhos,
Nem notou a namorada chegando
Inocente feito um colibri na janela...