O atraso

O assassino continuava ali
Em pé, diante do sangue escorrendo lento e coagulante.
Formava-se então
Uma poça reluzente 
Tão avermelhada quanto os olhos crus daquele oficial da passionalidade,
Havia uma coisa numa das mãos
Uma coisa firme feito um alumínio translúcido
E  fria
Feito um mármore no crepúsculo de uma nevasca sepulcral...
Havia uma lágrima acorrentada na garganta do indivíduo,
E fazia com que a boca tremesse num remorso quase poético.
O assassino continuava ali
Olhando a vítima feito um algoz
Medindo o nervo  arrancado da cerne!
Na outra mão o coração pulsando ainda
Transformado em segundos num resíduo elementar.
Nada poderia mudar a cena,
Inverter a conduta daquele sujeito trêmulo e perplexo.

O assassino continuava absorto naquilo que estimulava toda a tortura!

Pobre diabo metido num acidente de costas e frente,
Pobre diabo alienado de tanto não saber controlar a si mesmo.
Pobre diabo rangendo os dentes
Olhando no fundo da poça macabra
A má sorte estampada
Do fim daquele túnel ao ápice do cume...

O assassino continuava ali
Beirando ao cheiro fétido da mente doentia.
Doendo pela imagem que fez do ciúme
Acreditando naquilo que não existia...

Abriu os olhos,
Nem notou a namorada chegando
Inocente feito um colibri na janela...





 
Cristina Jordano
Enviado por Cristina Jordano em 11/12/2011
Código do texto: T3383469
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