DELÍRIO
"Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!"
(Álvares de Azevedo)
Noite de caos!... maldita noite!
Tenho febre, estremecimentos...
Ai! perturba-me o pensamento!
Minh'alma chora co'os açoites!
Ai! principio a delirar!
Sinto fremir o corpo insano!
Febre, dor, pranto... tudo exclamo!
Cancro n'alma a me torturar!
O cansaço invade o meu peito!
Eu praguejo, eu reclamo, eu gemo!
Cansaço, ânsia, medo extremo...
Tudo se agita no meu leito!
Co'a morbidez cravada n'alma
E nos meus versos sufocantes,
Eu me revelo nesse instante,
Proclamando o que há na insoss'alma.