Ordem na Desordem
São muitas as desordens do meu canto,
Por isso já não canto.
Onde existe ordem na desordem então?
Te empresto meus olhos para que vejas o caos do meu coração.
A desordem da casa já não diz nada
Virou costume.
Livros amontoados, travesseiros mofados, sapatos espalhados,
Um resto de uva cheio de moscas no prato.
Ar viciado, cinzeiro cheio e o cheiro acre de xixi velho no banheiro.
Escada encardida, madrugada apodrecida no saco de lixo que nunca vai para o lixeiro.
As aranhas desenham no teto suas armadilhas.
Do meu quarto faço, ilha...
Deixe que o vidro da janela embace de poeira e gás carbônico,
Não passo de um ser lacônico. Não passo nem lavo mais nada – Nem as palavras!
Que a sujeira se acumule sobre o sofá da sala vazia, sobre móveis e objetos...
Sou esse monte de dejetos no canto mudo e contaminado dessa depressão crônica.
Eis que múmia permaneço sem visitas, sem terço, sem referência de fim ou começo.
As teclas devoram meus dedos, os versos velam minha solidão.
Da desordem faço caixão...
Que me cremem o que sobrar
Do velho e gasto corpo
E as cinzas lancem no Mar Morto...
Pois que morta vivo em vão!
( Obs é só uma poesia metafórica...)