Cria do abismo

Crie maldito

os mandamentos da

sua seita de proscrito

ensinamentos de um Anjo decaído

Procrie as suas artes

corporifique seus vis disparates

asfixiando essas núpcias

num leito envenenado de sangue.

Mostre as presas, ave peregrina,

rufle a plumagem em chamas

Dispa-se das asas e

dispa a alma das hipocrisias

embalsame os ícones

acalentado-os na sua mortalha de lobo.

Iconoclasta da bondade

mecenas da podridão

polifemo das vertigens

cada vez mais cego

Homicida às cegas

no rastro dos prazeres,

baixe os olhos, cretino

essa claridade infesta

vem cheia de incestos

fecundando divinas

Marias na Latrina

Pobre do José, marido corno,

fodido pelo espírito santo

Débil comédia

alegria do vulgo

O Anjo ri do insulto

e eu digo ao anjo:

sorria assassino,

sim, assim mesmo,

rompa o dique

Arreganhe as mandíbulas

e lançe seu vômito no divino

prove, meu querido, o sulco,

patrocine o carnal, meu belo animal

Obscureça esse louco festival,

pendurando as virgens sem cabeças (mas com clitóris)

em seu gancho anestésico de frigorífico.....

Gabriel Desaix