Morte de Eros

Cabeça baixa

Olhos apertados

Mãos calejadas

Arrancando mechas secas do cabelo

Desespero expresso na face medonha

De mãos mortas o líquido escarlate brota

Goteja em um chão inexistente

O sangue percorre a pele morta

Rendição à agonia insistente

Olhos fechados

Luzes coloridas surgem em um painel negro

Pululam ao roçar das mãos sangrentas

Em pálpebras alvas, mortas

Negligentes à vida

Indiferentes à realidade

Rubros lábios

Rubros da regurgitação de sangue

Rubros do torpor, do êxtase

Rubros de morte

O corpo não é sentido

A mente está perdida

A vida está acabada

Toda a esperança transbordante

Toda a essência do deus Eros

Escapando por fendas abertas

Junto com o sangue impuro

Do pecador que assassinara sua inocência

Entranhas do tórax à mostra

Um coração negro

Pútrido

Morto

Do orifício surge uma cratera

Das luzes pululantes

Surge o negro permanente

O corpo agonizante

Torna-se um nada necrológico

Banhando em líquido purpúreo

Os oficiais analisam a barbárie

Ao lado do nada uma lâmina metálica

Gélida

Prata banhada pelo rubro

Peito aberto e braços cortados

Em todo o corpo um nome abre fendas enormes

Só puderam chegar a uma conclusão:

Sim, trata-se de mais um romanticídio.

(Outubro de 2006)

Wesley El Nino Silva
Enviado por Wesley El Nino Silva em 17/11/2011
Código do texto: T3340273
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