Um longo sonho
Eu já não explico a sensação bizarríssima minha
ânsias de vômito sem comida alguma no ventre
não ter nenhuma fome e mesmo assim vir parar entre
o vão estreito das bases da porta de uma cozinha
Voltando ao meu quarto, sem rédeas e meio confuso
desço longos vôos de escadas, o corrimão entre elas
meus olhos fatigados desenham um parafuso
com linhas que eu jurava sempre serem paralelas
Ardendo em febre, chego ao Oásis da minha cama
olho o relógio, se passou dois minutos inteiros
angustiado noto que a curvatura dos ponteiros
lembram todo o surrealismo de Dalai Lama
Será que ainda é possível ter alguma utilidade
na minha clara suspensão da racionalidade
tudo em redor e derredor teima em refutá-la
trago nesta laringe, gritos,os mais longos brados
estou surdo para os ecos que morrem sufocados
na área randômica que tinha ares de uma sala
Esperneia o íntimo, não sabendo se um dia vêm
um borrão sinalizando o fim do sonho e ninguém
percebe o quanto que toda esta anarquia é inválida
eis que acorda a minha pálpebra nervosa e pálida
Primeira visão do mundo real, abençoada
uma curta biografia lida na noite passada
nos livros de Edgar, confesso que aprendi muito pouco
das viagens inverossímeis escritas por este poeta-louco
Na primeiríssima base real onde os meus pés ponho
testo o piso pra ver se o chão não sede
mesmo assim empiricamente nada impede
que seja tudo um longo sonho em outro longo sonho