O Chamado

Eu lhe disse que o mar uma noite me chamou

Eu sei que nisso você não acreditou

Mas eu sei que os ventos estavam lá

E certos sentimentos não vêm de pouco pesar

Velhas memórias que se apagam

Ditadores de loucura se propagam

Esperando no alto da montanha

Pedintes abaixo tantas mentiras já apanham

Antes da chegada do último quasar

Nas brumas o mago sua capa a agitar

Aquário em punho portentoso âncora sustenta

Novo sangue traz que à Terra rebenta

Côncavo de luz a me espreitar

Feixes de celuloide a me controlar

Sinto que em mim voltaram as chamas ardentes

Como papoula em manipulação eterna da mente

Sei agora mais do que nunca: chama-me o mar

Tormenta agita a costa, não vão mais os ventos parar

Sem mais labirintos a me dividir

Não mais ordeiros divinos ditam-me aonde ir

Chama-me verdadeiramente e já não me posso deter

Adentra-me a rebeldia e já não me importa morrer

Porque sinto-me voltando ao meu primeiro leito

Não importando tampouco seja meu último feito

De onde tiraram-me a doçura do amor

Parto já despido de falso pudor

Que da vida já carrego somente destroços

E do verdadeiro chamado declinar já não posso

Isaque
Enviado por Isaque em 04/11/2011
Reeditado em 13/11/2011
Código do texto: T3316331
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