POEMA CONFUSO
Clara da Costa
Olho para trás,
assombro-me e confusa pergunto-me,
onde foi parar os sonhos, os desejos,
e aqueles olhos azuis que tanto me encantavam...
De quem?
Fecho os olhos,
loucamente lembro do passado,
da juventude, daquele amor inesperado
e dos sussurros às escondidas.
Com ele!
Depois aquela melancolia na janela,
a despedida sem muitas palavras,
apenas um broche que enfeitou meu pescoço
e que se perdeu nas gavetas do tempo.
Depois a fuga nas noites solitárias,
onde te procurava entre rostos estranhos,
tentando esquecer aqueles momentos,
e confusamente viver uma nova realidade.
Hoje, a melancolia ainda existe no meu olhar,
um grito ainda está sufocado,
nesse coração,
que nunca deixou de amar.
Ah, que vontade de soltar essas amarras,
te amar sem reservas,
livre como o voo dos pássaros,
sem destino...
Vou parar,
o papel envelheceu
estou perdendo o tino...