O atropelamento

Sinto o asfalto tocando meu rosto

Os fantasmas que me cercam...

Consigo ver as ranhuras de seus sapatos.

Passos que vão e vêm...

Será que alguém e ouve respirando?

Fôlego que talvez fosse melhor reprimir.

Corpo que grita pela analgesia que o interior desistiu de buscar,

e ainda existe passível mesmo na clausura da sua frustração.

O asfalto ainda queima meu rosto.

Vultos e flashes desordenam minha razão.

O tênis branco.

Os copos de café entre as garrafas de vinho.

Os fios de telefone que me entrelaçam e sufocam num casulo.

O tic-tac mórbido do relógio que não para,

contrastando com o grito emudecido pelo medo

em meio a cores e sinfonias disformes.

Até sentir a dor dos livros caindo em minha cabeça.

Porque ainda estou respirando?

Talvez seja necessário...

29/11/2009

Gizely Amorim
Enviado por Gizely Amorim em 21/10/2011
Reeditado em 23/10/2011
Código do texto: T3289950
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