O atropelamento
Sinto o asfalto tocando meu rosto
Os fantasmas que me cercam...
Consigo ver as ranhuras de seus sapatos.
Passos que vão e vêm...
Será que alguém e ouve respirando?
Fôlego que talvez fosse melhor reprimir.
Corpo que grita pela analgesia que o interior desistiu de buscar,
e ainda existe passível mesmo na clausura da sua frustração.
O asfalto ainda queima meu rosto.
Vultos e flashes desordenam minha razão.
O tênis branco.
Os copos de café entre as garrafas de vinho.
Os fios de telefone que me entrelaçam e sufocam num casulo.
O tic-tac mórbido do relógio que não para,
contrastando com o grito emudecido pelo medo
em meio a cores e sinfonias disformes.
Até sentir a dor dos livros caindo em minha cabeça.
Porque ainda estou respirando?
Talvez seja necessário...
29/11/2009