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Sou alma perturbada.
Não cumpre a mim
O julgamento.
Sou atada ao cimento
Desta sordidez abafada.
Sou alma aborrecida.
Aturdida em tanto lamento
E não me cabe a bebida
Cálida da felicidade...
Sou perdida em confusão
E contramão de tod'alegria.
Sou a Senhora sombria
De mi'a eterna aporia...
Os olhos são acinzentados
Como os dias densos que amo...
E os lábios foram costurados
Pelos deuses aos quais sempre clamo.
Certamente, fui condenada
A seguir tão atormentada
Por esta silente escuridão...
Cega, muda e distante
Sigo minha sina esgotante:
Escrever a própria putrefação...