A vida
as vezes me diziam para esperar,
foi de tanto aguardar que eu acabei neste estado,
de espirito.
Esperei por momentos que prometiam valer a pena.
Mas a pena era muito longa e árdua,
acabei pagando-a e não vi momento algum.
Apenas o silêncio.
O silêncio de vozes duras,
metidas,
sabidas,
hipócritas,
fingidas.
Procurei por significados,
busquei algo útil em todo aquele silêncio incansável,
nunca diziam o que eu queria ouvir
E eu sempre ouvia o que queriam dizer.
Este é o problema do mundo,
estão sempre querendo que a gente ouça
o que eles querem dizer.
Dizer, querer,
falecer.
Olhar, pensar,
sonhar.
Ouvir, cumprir,
reprimir.
Cansou, tentou,
conquistou.
A questão foi sempre conviver,
conviver com pessoas que não se importam em viver.
Conviver com mulheres que querem consumir,
consumir tudo o que você é.
E tudo o que viria a ser.
Conviver com homens que se esbaldam com carros,
aprender a mentir para se envolver.
Fazer parte de um clube,
para ter com quem conversar numa sexta a noite.
Fazer parte de uma sociedade,
para ter com quem ostentar nossa luxúria.
Fazer parte de um mundo,
para ter quem matar a custa de um tênis.
Como se esse fosse,
todo o peso em nossas costas,
além de viver com toda essa gente,
é preciso gostar disso.
É preciso gostar.
É preciso amar. Talvez seja mesmo.
A única luz que mantem os desajustados vivos,
é a esperança.
De um dia encontrar alguém que se cale.
Alguém que não ouça nada do que estamos dizendo.
Alguém que não olhe para onde estamos olhando.
Alguém que diga sim para o que eu disser não,
mas que de vez em quando concorde conosco,
não porque ela realmente concorda,
mas porque sabe a importância do consentimento.
Está é a única maneira de sobreviver,
sobre viva,
sob a vida.
Sem querer,
aconteceu,
que esqueci,
de mencionar. Que essa vida,
por pior que prossiga,
é a única em que podemos encontrar a nossa saída,
rota de fuga.
Desejo para todos nós,
moribundos,
que essa saída.
Não seja pelos fundos.