Desmaio
Cadê o furo no fundo do bolso?
O calado cansaço esquisito de se pensar
Acabou bem feito no livre e escuro calabouço
As rodas felizes já não têm o que cantar
Cada sujeito experimentou o som do silêncio cretino
E foi que os andaços pelados de amor
Fugiram e percorrendo o resto do mundo
Vibrando e sorrindo até as orelhas de calor
Para não se verem lamentavelmente moribundos
Displicentemente desconcertados com o prazer
E caíram quase vagarosamente pelas ruas
Levantaram os corpos dos impulsos lamentosos
Descobrindo as próprias entranhas internamente nuas
Como eram instigantes e invariavelmente penosos
Os olhares que entrecruzavam e se comiam
Depois dessa noite de aventuras tão inocentes
Houve uma movimentação nervosa
As caras já não faziam mais bocas inconseqüentes
E as sensualidades já não eram tão prazerosas
Libertaram-se enfim da prisão de suas almas
E foram descansar em paz longe dessa alucinante visão
Deixaram que os corpos ficassem vagando no inferno
Enquanto o pensamento longe voava para não ouvir não
Poderiam se perder, mas definitivamente se acalmaram;
E sozinhos dormiram como em profundo desmaio.