AH, TE ABOMINO, DESILUSÃO!image.php?userid=6493&imageid=645850.jpg&maxw=495&maxh=660

Esta taça de fel do desamor

é dura de beber!

A cabeça vira um turbilhão

e a boca entorta de desgosto

A vida enfarta, sucumbe

os olhos viram do avesso

A pele encurta

e a gente crescendo assim

por dentro...

E contemos o vômito

desta matéria cáustica

indigesta e mórbida

como infelizes e gulosos

comedores e ruminadores

do irremediável

Poetas ultra-românticos a beijar

a noiva morta e fria

Belos versos de Álvares

obscuridade sob alvos círios

amor exacerbado em morte

no altar da insanidade

 

Passado já pretérito

não moverá moinhos

   Apenas travará os passos

deitará raízes dos nossos pés

e nos aprisionará ao

piso comum dos deserdados

dos românticos inveterados

a chorar malmequeres
 

 


Um brinde ao desamor

um brinde ao masoquismo

deste cultivar de amores perdidos

ao triste fim de Policarpos

de Julietas e Abelardos

Um brinde à bela massa falida

em tons cinza chumbo

caixa emborcada sobre o coração

ah, te abomino Desilusão!

Cola grude a travar os dedos da mão

guarda-chuvas ao sol de janeiro

baleias em banheiras azuis

extravasamentos estúrdios

lenços molhados de lágrimas

sim, sempre isso ainda...

e me dizes que o romantismo

é invenção... é burla

um modismo?

ah, estas tuas máscaras de racionalismo

que não cobrem meia cara!

E me dizes que o amor é prejudicial

e no entanto amas e choras

com tua alma de mortal

e então quem és tu que

sempre voltas a beber

das mesmas águas turvas

o que é para ti o amor, afinal?